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Conceito de Rádio Comunitária
Numa situação como a de Moçambique, onde a maior parte da população vive em níveis de extrema pobreza e, deste modo, não tem condições para comprar um jornal regularmente ou dispor de um televisor; onde a maior parte da população é analfabeta e, logo, não sabe ler nem falar a língua portuguesa; onde a rede de comunicação é deficiente e, dessa maneira, não permite a ampla distribuição de periódicos pelos distritos, localidades, aldeias... as rádios comunitárias apresentam-se, seguramente, como o meio de comunicação social que mais facilmente pode atingir o público destinatário.
Para além de ser pouco onerosa para o ouvinte - é rara a família que hoje em dia não possua um pequeno receptor ao seu alcance - a rádio tem custos mais baixos em relação aos outros meios de comunicação, tanto na área de investimento como na da sua manutenção.
É este relativamente baixo custo que torna a rádio acessível aos não profissionais. Através de todas as formas de participação pública, este meio de comunicação é capaz de oferecer um importante papel de comunicador, principalmente na área da comunicação comunitária.
É assim que têm surgido em Moçambique nos últimos anos várias iniciativas de rádios comunitárias.
Na perspectiva do Projecto de Desenvolvimento dos Medias em Moçambique, que opera ao abrigo de um acordo entre o Governo moçambicano e o Fundo das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), a rádio comunitária é aquela que é da comunidade, feita pela comunidade e para a comunidade, definindo-se a comunidade como um grupo geograficamente baseado e/ou um grupo social ou sector público que tem interesses comuns ou específicos.
Um documento sobre estratégias para o desenvolvimento das rádios comunitárias em Moçambique (Maputo, 2000) define a rádio comunitária como sendo um serviço de radiodifusão sem fins lucrativos, gerido com a participação da comunidade; responde às necessidades da comunidade, serve e contribui para o seu desenvolvimento de uma maneira progressista, promovendo a mudança social, a democratização da comunicação através da participação da comunidade. Essa participação varia de acordo com as condições sociais em que a estação opera.
A finalidade principal de uma rádio comunitária, refere ainda o mesmo documento, é contribuir para o desenvolvimento sócio-económico e cultural da comunidade, promovendo a cultura de paz, a democracia, os direitos humanos, a equidade e o empowerment da comunidade onde está inserida. Uma rádio efectivamente comunitária deve estar na comunidade, servir a comunidade e ser da comunidade.
No guia prático O que é a rádio comunitária, publicado pela Associação Mundial de Rádios Comunitárias (AMARC, África) e Panos África Austral, refere-se que a rádio comunitária representa a democratização das comunicações, especialmente em África, pois através dela se cria uma base de participação popular no próprio processo de democratização do continente.