Entendendo os “16 dias de Activismo, pelo fim da violência contra as mulheres”

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“16 Dias de Activismo” é uma campanha internacional de combate à violência contra mulheres e raparigas.
A campanha é anual e inicia-se no dia 25 de novembro – declarado como o dia Internacional de Não-violência Contra as Mulheres – e finaliza no dia 10 de dezembro – dia Internacional dos Direitos Humanos.
Os 16 dias de activismo têm o objectivo de promover o debate e denunciar as várias formas de violência contra as mulheres no mundo. A campanha, visa igualmente reforçar o apelo às organizações da Sociedade civil, governamentais, líderes religiosos, comunitários e sociedade no geral a incrementarem seus esforços na luta contra a violência de género.
Nesta campanha, a educação da mulher e da rapariga é tida como base pois embora estas estejam inseridas num ambiente académico, o ciclo de violência se mantêm. A Violência Baseada no Género em relação à educação é considerada uma violação ao Direito Universal do Direito à Educação.
A educação é privilegiada por se tratar de um direito humano fundamental estipulado no artigo 26 da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. A educação transforma mentes e pode trazer mudanças a nível económico, político e social. A educação estimula o desenvolvimento intelectual para o empreendedorismo assim como a igualdade de género, cultura de paz, a não-violência e a valorização da diversidade cultural.
Para marcar as festividades, neste ano, os 16 dias de activismo serão celebrados sob o lema: “Da Paz em Casa para a Paz no Mundo: Uma Educação Segura para Todos”.
A situação da violência contra a Mulher em Moçambique
Em Moçambique casos de Violência Baseada no Género, Gravidez e Casamentos prematuros têm atingido níveis alarmantes. Em 2015 cerca de 10.518 mulheres foram vítimas de violência, contra 2.976 homens, sendo que os casos mais recorrentes dos casos de violência registam-se nas províncias de Nampula, Sofala e Manica.
Segundo dados do UNICEF, a maioria das mulheres e raparigas sofre de alguma forma de violência dentro das suas casas, nas escolas ou na comunidade, pelo que devem ser criadas condições de modo a que elas se sintam à vontade em qualquer lugar onde estiverem.
De acordo com o UNICEF, cerca de 14,3% de raparigas entre os 20 e 24 anos de idade casaram-se antes dos 15 anos. Isso é também uma das várias manifestações de violência contra a mulher, pois a maioria dos casamentos foram organizados pelos próprios pais ou encarregados de educação das raparigas, em troca de bens ou valores.
Em relação aos homens, as mulheres têm pouco acesso à educação. Por exemplo, dados de 2014, indicam que 3 milhões de alunos do sexo masculino foram matriculados e 2,7 milhões do sexo feminino, deste número um total de 9,2% das alunas desistiu no segundo ciclo contra 9% da desistência dos rapazes.
A campanha dos 16 dias de activismo é o momento em que há mais sinergias na luta pelo fim da violência contra a mulher e todos são chamados a dar o seu contributo nessa causa. Os meios de comunicação são um dos veículos chaves para alcançar esse resultado, através de programas com mensagens apelativas contra a violência praticada contra a mulher.
O papel do jornalista na luta contra a violência de género
Os meios de comunicação estão presentes nas nossas vidas e com eles, o jornalista exerce um papel fundamental para pôr fim a violência contra a mulher:
1) O jornalista promove debates entre os diversos actores da comunidade para promover mudanças favoráveis à erradicação da Violência Baseada no Género (VBG).
2) O jornalista ajuda a divulgar informação sobre Violência Baseada no Género (VBG), prevenção e combate;
3) Promove espaços para as vítimas se expressarem;
4) O jornalista serve de elo de ligação entre vítimas e provedores de serviços (Hospitais, centros de saúde, IPAJ, etc);

Como as rádios comunitárias podem dar o seu contibuto?
Os jornalistas da Rede de Comunicadores em Saúde e Género podem-se juntar a esta causa transmitindo programas com mensagens de luta contra a violência de género.

Organize um debate na Comunidade
Pode parecer simples organizar um debate na comunidade, mas na verdade isso requer um sentido de responsabilidade, dinamismo e carisma por parte do moderador (jornalista) para ter maior número possível de participantes. Deixamos ficar aqui algumas dicas de tudo que precisa saber sobre debate e sua implementação:
O que é um debate?
Debate é um acto de comunicação que consiste na discussão de um tema entre duas ou mais pessoas.
O debate tem por objectivo discutir ideias e colher opiniões dos participantes sobre um determinado assunto. O moderador tem um papel fundamental pois é ele que conduz o debate e deve garantir que todas as ideias dos participantes sejam ouvidas.
Como organizar debate na comunidade
• Escolhe um tema
• Identifique os Intervenientes
o Os painelistas devem ser pessoas especializadas, que dominam o assunto em debate ou vítimas de algum tipo de violência para dar o seu testemunho, contar como superou, etc;
o Contacte e convide com antecedência o painelista (intervenientes) para que possa se preparar, não se esqueça de dizer o tema da conversa. Porém, não é extrictamente necessário partilhar o guião ou questionário;
o Considere o equilíbrio do género (ter um número equivalente de homens e mulheres, na medida do possível);
o Se possível, traga especialistas de diversas área relacionados ao tema para colher várias informações e diversos pontos de vista;
• Identifique um local na comunidade, onde acontecerá o debate;
o Escolha um local com maior fluxo de pessoas;
o Privilegie locais onde as mulheres se reúnem com frequência;
o Escolha escolas, locais próximos aos hospitais, mercados, associações que trabalham com mulheres, etc;
• Verifique se o espaço escolhido é suficiente para o número de pessoas que espera acolher;
• Crie condições logísticas (Microfone, cadeira, mesa, etc);
• Saiba moderar o debate e dividir o tempo de fala de cada participante por forma a dar espaço aos outros;
• Publicite o evento na sua rádio, antes da data, para garantir maior número de participantes:
o No seu programa; na grelha de programas da rádio, através da rede social Facebook; panfletos ou por via pessoal (pedindo a ajuda de amigos e familiares para a divulgação do evento)

Sugestão de tema: Educação da rapariga e da mulher: Qual é a sua importância para a comunidade?

Organize um debate radiofónico
Como organizar debate radiofónico
Não existe muita diferença entre o debate radiofónico e o debate comunitário ou na comunidade, apenas a que ter em conta os seguintes aspectos:
• A comunidade (ouvintes) não se encontra no mesmo espaço geográfico (na rádio)
• Modere o debate: não deixe os convidados falarem ao mesmo tem;
• Testar os microfones para evitar constrangimentos de som;
• Focar nos pontos chaves do tema para prender o ouvinte à rádio;
• Abra linhas telefónicas ou disponibilize outro meio para colher opiniões do ouvinte acerca do tema;
• Publicite o evento, antes da data, para garantir maior número de ouvintes:
o No seu programa; na grelha de programas da rádio, através da rede social Facebook; panfletos ou por via pessoal (pedindo a ajuda de amigos e familiares para a divulgação)

Sugestão de tema: Como incluir a comunidade na luta contra a Violência Baseada no Género?

Organize uma mini-formação
Mini-formaçõe são pequenas capacitações teóricas ou práticas, sobre uma determinada matéria ou tema. O objectivo é munir o participante de conhecimentos sobre um dado assunto.
Se quer organizar uma mini-formação, siga os seguintes passos:
• O formador deverá ser experiente na área e ter domínio do que vai ensinar;
• Garantir que tem os materiais necessários, em caso de necessidade (ex: broxura, manuais de apoio, etc)
• Garantir que estejam criadas as condições para os trabalhos práticos;
• Publicitar o evento no órgão de informação com muita antecedência para garantir mais adesão do público;

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