Percuso de HIV à SIDA

Os vírus são um dos tipos de agentes "estranhos" ao organismo que podem originar doenças e que normalmente são combatidos pelo nosso sistema imunitário. O HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) é um vírus que, após infectar as pessoas, vai destruindo o seu sistema imunitário.

À medida que as defesas da pessoa vão sendo destruídas, os indivíduos infectados podem ter ou desenvolver algumas doenças.
Quando o sistema imunitário já quase não funciona podem surgir doenças mais graves que habitualmente se chamam infecções oportunistas. Quando um indivíduo infectado com HIV tem uma doença oportunista, diz-se que tem SIDA (Síndroma da Imunodeficiência Adquirida).
O HIV origina a destruição, sobretudo, de um tipo de células do sistema imunitário - linfócitos CD4, que são um tipo de glóbulos brancos.
Estas células comandam as defesas do organismo e, à medida que são destruídas, o nosso sistema imunitário começa a funcionar mal.
Apesar do sistema imunitário ter capacidades regenerativas, a capacidade de destruição do HIV das células CD4 é mantida e, por isso, torna-se devastadora.
Durante todo o percurso da infecção pelo HIV, o sistema imunitário vai-se tornando cada vez mais débil, deixando os indivíduos que estão infectados pelo HIV cada vez com menor número de defesas, tendo maior probabilidade de contrair uma infecção grave por outro agente patogénico.

COMO SURGIU O HIV

O termo SIDA surgiu em 1983, na sequência da observação de infecções numa população de doentes supostamente saudáveis: homens jovens, anteriormente saudáveis, cujos sistemas imunitários se apresentavam inexplicavelmente deficientes.
Estes doentes eram susceptíveis a infecções graves provocadas por organismos habitualmente pouco patogénicos, como, por exemplo, o fungo Pneumocystis carinii.
Estes doentes desenvolveram também uma forma rara de cancro - o sarcoma de Kaposi. Durante este tempo, o termo SIDA foi principalmente utilizado pelos "Centers for Disease Control and Prevention (CDC)".
Em 1983, os investigadores identificaram um vírus, até então desconhecido: o vírus da imunodeficiência humana (HIV).
Os primeiros testes para detecção deste vírus surgiram em 1985 e foi nessa altura que os investigadores perceberam que o número de indivíduos infectados pelo HIV era muito superior ao número de doentes diagnosticados com SIDA.
Esta descoberta levou à conclusão que há um período prolongado entre a infecção e a manifestação final da doença, e que este período varia de pessoa para pessoa.

INFECÇÃO POR HIV E SIDA

Estar infectado pelo HIV e ter SIDA são duas coisas diferentes, isto é, pode-se estar infectado pelo HIV e não ter SIDA, mas todos os indivíduos que têm SIDA estão infectados pelo HIV.
Quando uma pessoa está infectada com o HIV diz-se que é SEROPOSITIVO para o HIV. Quando a pessoa infectada pelo HIV não tem sintomas diz-se que é um portador assintomático. Caso tenha já alguns sintomas devido a perturbações do sistema imunitário, designa-se por portador sintomático.
Só quando esta pessoa tem o sistema imunitário muito destruído é que podem surgir as doenças mais graves, aquelas que fazem parte de uma classificação que define SIDA. Ou seja, dizer que alguém tem SIDA significa que a pessoa, para além de ter o HIV, tem também que ter uma doença definidora de SIDA.

O SISTEMA IMUNITÁRIO

O sistema imunitário é uma rede complexa de várias células e moléculas. A sua primeira função é distinguir entre as "nossas" células e moléculas, do que é estranho e "não-nosso".
A segunda função é a de evitar que essas substâncias estranhas entrem no organismo e, se entrarem, que sejam destruídas. O estado de protecção criado por esta interacção de células e moléculas designa-se por imunidade.
Um dos grupos de células do sistema imunitário são os glóbulos brancos. Dentro da classe dos glóbulos brancos, há um tipo de células que são os linfócitos. Entre os vários tipos de linfócitos, os linfócitos B são responsáveis pela produção de anticorpos, muito importantes, por exemplo para o sucesso da maior parte das vacinas. Outro tipo de Linfócitos, são os linfócitos T.
Dentro dos linfócitos T distinguem-se dois grupos, os CD4+ e os CD8+. Os linfócitos CD4+ comandam o sistema imunitário. Eles coordenam os vários componentes do sistema imunitário de modo a que a resposta aos agentes estranhos seja feita de forma rápida, eficaz e sequencialmente correcta.
Se este tipo de linfócitos deixar de funcionar correctamente, ou se forem destruídos, o sistema imunitário deixa de ser eficaz, vai colapsar e fazer com que a pessoa adoeça de forma grave.
O HIV infecta e destrói sobretudo os linfócitos CD4+, o que significa que a pessoa vai progressivamente perdendo células coordenadoras do sistema imunitário, até que este deixa de funcionar e surgem as doenças oportunistas.
No entanto, o curso da infecção em indivíduos infectados pelo HIV pode variar muito, pois os factores genéticos da pessoa podem influenciar a forma como a infecção progride.
Em alguns indivíduos a infecção não afecta muito o sistema imunitário, estas pessoas mantêm-se sem problemas de saúde, sem necessidade de serem medicadas e sem que se registem grandes alterações nas suas defesas. Por outro lado, há pessoas que, após serem infectadas, progridem rapidamente para graves défices nas defesas e aparecimento de doenças oportunistas.