Mais de 5.000 alunos estudam em condições deploráveis em Nampula

Mais de cinco mil alunos e 159 professores das escolas primárias completas de Muatala, Carrupeia, Maparra, Cossore, Mpuecha, Teacane, Nampaco, Muatauanha, Pedreira, Namicopo, Namuatho e Namuatho “A”, na cidade de Nampula, correm o risco de contrair doenças resultantes da falta de observância de higiene individual e colectiva, devido à degradação acentuada das latrinas e ausência de água nos estabelecimentos de ensino que frequentam.

 

 

Um problema idêntico inquieta a comunidade do bairro de Muhalazi, cujos filhos estudam na Escola Primária Trindade, sob a alçada de Castigo Cossa, no município da Matola, província de Maputo.

 

As condições em que se encontram as casas de banho das escolas em alusão são deveras deploráveis e constituem um autêntico atentado à saúde das crianças.

 

Este problema existe há anos mas nenhuma medida foi tomada para invertê-lo, não obstante ser do conhecimento das autoridades da Educação.

 

Para além dos sanitários, as salas de aulas daqueles estabelecimentos de ensino estão a ruir aos bocados e o perigo é evidente, a par do que ocorre nas escolas 7 de Abril, Parque Popular, 25 de Junho e em tantas outras da província de Nampula, sobretudo as da periferia.

 

Raimundo Agostinho, pai e encarregado de educação de três crianças que frequentam a escola primária de Mutauanha, disse ao @Verdade que a falta de higiene é preocupante, as latrinas estão mal conservadas, há falta de água e os balneários exalam um mau cheiro.

 

O nosso entrevistado classificou esta situação de dramática e pediu às autoridades que velam pelas actividades de ensino e aprendizagem em Nampula para que encontrem soluções práticas para os problemas de imundice nas escolas antes de haver uma eclosão de doenças. “As casas de banho da maior parte das instituições de ensino não oferecem condições para ser usadas pelas nossas crianças, não há água nem material de higiene.”

 

Agostinho afirmou ainda que está agastado com o facto de os montantes desembolsados pelos pais e encarregados de educação não servirem para canalizar a água ou perfuração de poços.

 

Rodolfo Ibraimo, pai de um dos alunos da Escola Primária de Muatala, considerou que os educandos estão a ser instruídos em condições atentatórias à sua saúde. Algumas crianças têm sido apoquentadas por diarreias, suspeitando-se que esta enfermidade tenha a ver com a não observância das regras de higiene nos locais onde estudam.

 

Segundo a nossa fonte, apesar da falta de água, a direcção da escola e a comunidade deviam encontrar uma forma de manter, pelo menos, as latrinas limpas.

 

Sobre este assunto, a nossa Reportagem procurou ouvir os directores de algumas instituições de ensino mas não foi possível colher os seus depoimentos porque eles alegaram que não têm autorização para falar à Imprensa.

 

Entretanto, contactámos o director dos Serviços da Educação, Juventude e Tecnologia da Cidade de Nampula, Bruge Ruphia. Este disse que a falta de limpeza nas escolas primárias completas de Maparra, Mpuecha, Teacane, Nampaco, Muatauanha, Pedreira, Namicopo, dentre outras, deve-se à desorganização das direcções destes estabelecimentos de ensino.

 

“Cada escola deve cuidar da higiene local. Seria impossível os serviços da Educação limparem as 58 escolas primárias que existem na cidade de Nampula. Os gestores são culpados desta situação”, explicou o dirigente que acrescentou que poderá, nos próximos dias, reunir-se com os directores das instituições em causa para juntos encontrarem formas de ultrapassar o problema.

 

Comunidade agastada com a direcção da Escola Primária Trindade

 

No município da Matola, província de Maputo, a comunidade do bairro de Muhalazi está também preocupada as condições deploráveis em que as crianças estudam na Escola Primária Trindade, sob alçada de Castigo Cossa.

 

O chefe das 10 casas naquele bairro, Hélder Hunguana, disse à nossa Reportagem que está preocupado com o facto de a escola não reunir condições para ser frequentada por crianças porque não oferece as mais elementares condições higiénicas, falta um pouco de tudo, o único balneário existente – partilhado por rapazes e raparigas – é um atentado à saúde pública e a água virou luxo para os alunos.

 

“Os pais e encarregados de educação juntaram blocos, por obrigação da direcção, com o objectivo de restaurar a escola, mas não serviram para esse propósito. Nunca mais soubemos do destino dado a este material de construção. Entretanto, os nossos filhos continuam a estudar ao relento. Há seis turmas nesta situação, e quando chove ou em caso de mau tempo não têm aulas”, contou Hunguana.

 

Num outro desenvolvimento, o nosso interlocutor acrescentou o seguinte: “Qualquer pessoa que queira usar a casa de banho da escola dirigida por Castigo Cossa corre o risco de contrair doenças. Apesar de ainda ser usada pelos alunos, ao mesmo tempo serve como depósito de lixo. Esta situação, aliada à falta de água, agrava as precárias condições de higiene.”

 

A comunidade afirma que os pais e encarregados de educação desembolsaram 20 meticais cada um para se montar uma torneira na instituição, mas a mesma avariou três meses depois e nunca mais foi reparada.

 

João Dércio, residente nas imediações da Escola Primária Trindade, contou-nos que “a escola está há três anos sem água. Não sabemos porque é que a direcção demora a resolver este problema.

 

Parece haver um certo conformismo enquanto os nossos filhos correm o risco de contrair doenças, como a cólera, por causa da falta de higiene.”

 

De acordo com este cidadão, a gestão escolar de Castigo Cossa é ineficiente. O estabelecimento está a ruir aos bocados devido à ausência de um plano concreto para a sua reabilitação. Há anos, uma Organização Não-Governamental ofereceu-se para reconstruir a instituição, mas o projecto não teve desenvolvimento por razões que só o corpo directivo e o governo provincial podem explicar.

 

Poluição sonora na escola

 

A população do bairro de Muhalazi mostrou-se ainda indignada com a poluição sonora promovida no recinto da Escola Primária Trindade pelo próprio director, com uma aparelhagem montada na sua viatura. Naquela reunião, os queixosos disseram que, para além de dançar, convida os alunos para o acompanharem no baile.

 

As famílias que se encontram a escassos metros daquele estabelecimento de ensino tentaram, por várias vezes, dialogar com Castigo Cossa no sentido de convencê-lo a evitar o barrulho ensurdecedor que emite do seu veículo, mas não houve sucesso porque foram ignoradas.

 

Os moradores de Muhalazi consideram que a Escola Primária Trindade tende a ser um local desaconselhável para a instrução devido ao comportamento negativo do seu director. Queixam-se igualmente de abandono por parte do município da Matola, uma vez que ainda não beneficiam de energia, mercado, posto policial, dentre outros serviços sociais básicos.

 

O assédio sexual

 

De acordo com os pais e encarregados de educação, o director daquele estabelecimento de ensino promove relações extraconjugais na medida em que amantiza com as mães das alunas em troca de favores, tais como a passagem de classe.

 

Manasses Matlombe, outro morador da zona há 20 anos, foi interpelado pela nossa Reportagem, tendo dito o seguinte: “Estamos cansados da atitude repulsiva do director da Escola Primária Trindade porque não valoriza a comunidade, a estrutura do bairro, muito menos as nossas filhas e mulheres.

 

A minha sobrinha foi vítima de abuso sexual por parte deste senhor e pode ficar com trauma para o resto da vida. Por isso, para evitar este sofrimento, pedimos que ele seja exonerado porque está a usar o seu cargo para espezinhar as alunas e encarregadas de educação”.

 

Por seu turno, João Dércio afirmou que na época das matrículas “as mães são obrigadas a envolver-se sexualmente com o director para inscrever os seus filhos”.

 

Não há nenhum plano de reabilitação

 

O director da Escola Primária Trindade reconheceu que as condições do estabelecimento de ensino que dirige são péssimas. “As infra-estruturas escolares são deficitárias, principalmente a casa de banho, que não reúne condições para ser usada. Porém, ainda não há nenhum plano de reabilitação em vista porque não existe dinheiro para custear as obras.

 

Internamente decorrem trabalhos para a elaboração de um projecto visando uma intervenção de raiz, mas a prioridade neste momento passa pela montagem de um sistema de abastecimento de água para evitar que os alunos tragam este preciso líquido de casa”, explicou-se Cossa.

 

Entretanto, segundo a fonte, as outras inquietações dos moradores são falsas e não têm fundamento. Na sua opinião, existe alguém que está a desinformá-los para denegrir a sua imagem. O assédio sexual, de que os pais e encarregados de educação se queixam, é um assunto descabido e é uma calúnia de pessoas mal-intencionadas.

 

Fonte: Verdade, 11-04-2013

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